- 19 de mar.
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C1 / C4 - 4º Centenário do Descobrimento do Brasil

Códigos dos catálogos:

RHM	C1 / C2 / C3 / C4
FILABRAS	1900C1.1 / 1900C1.2 / 1900C1.3 / 1900C1.4
Michel (Mi)	BR 138 / 139 / 140 / 141
Scott (Sn)	BR 162 / 163 / 164 / 165
Yvert et Tellier (Yt)	BR 112 / 113 / 114 / 115
Stanley Gibbons (Sg)	BR 226 / 227 / 228 / 229

A primeira série comemorativa do Brasil foi emitida para celebrar 400 anos do descobrimento do Brasil. Foram emitidos no dia 1 de janeiro de 1900, por sugestão da Associação do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil. As quatro imagens celebravam uma trajetória de liberdade no Brasil. A escolha dos temas a serem impressos se deu através de concurso público. Estes selos só circularam dentro do país, franqueados os portes nacionais. A venda dos 400.000 exemplares emitidos ajudou nos custos das comemorações que ocorreram em todo país.

"Os primeiros selos lançados em 1900 estão intimamente associados ao movimento de consolidação da República. Ao comemorar-se os 400 anos do Descobrimento, muito mais que os remotos 1500, punha-se em relevo que a República coroava uma trajetória de liberdade no Brasil. (...) Até a vigência do Império, não há registro de selos com este teor. As estampas ou meramente reproduzem a cifra do valor postal ou retratam de vários ângulos a cabeça do Imperador."

Fonte: Livro "Selos Comemorativos: Fragmentos da Memória do Brasil"

A série foi aprovada pela Lei 559 de 31/12/1898:

Art. 15. Afim de auxiliar a realização do programma organisado para commemorar o quarto centenario do descobrimento do Brazil, são concedidas á commissão central do centenario:

1º. A emissão de sellos commemorativos, a que o Governo Federal dará curso por periodo limitado e fixado de accordo com a commissão central. Esta emissão será entregue integralmente á commissão central, e o Governo permittirá que os sellos não utilisados sejam carimbados.

A commissão central do centenario indemnisará o Estado da renda do Correio correspondente aos sellos usados durante o periodo do curso estabelecido, e bem assim das despezas de custo do fabrico da totalidade da emissão.

2º. A emissão de moedas commemorativas, de prata, do valor de um mil réis (1$000), e dos seus multiplos e sub-multiplos. A emissão, que poderá ser feita por parcellas, será entregue exclusivamente a essa Commissão, indemnisando-se o Estado sómente do custo do metal empregado. Os cunhos respectivos serão destruidos, terminadas as solemnidadas da commemoração do centenario.

3º. A isenção de sello postal para toda a correspondencia da commemoração do centenario, e o uso do telegrapho nacional, para o mesmo fim, como serviço publico.

A confecção dos primeiros selos comemorativos do Brasil foi confiada à Litografia Paulo Robin & Pinho, do Rio de Janeiro, sendo distribuídos numa série de quatro valores: de 100 réis, vermelho; de 200 réis, verde, amarelo e azul; de 500 réis, azul e de 700 réis, verde, cujos desenhos alegóricos relembravam os seguintes fatos históricos: Descobrimento do Brasil, Grito do Ipiranga, Libertação dos Escravos, e Proclamação da República. A circulação desses selos iniciou-se em 1° de Janeiro de 1900.

Propaganda da Lithographia Paulo Robin & Pinho, publicado no Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) - 1891.

Segundo o catálogo RHM, "os selos foram vendidos pelos Correios de 01/01/1900 até 28/02/1900. No mesmo período, a empresa Laemmert & Cia/RJ vendeu os selos com carimbo de favor. De 01/03/1900 até 07/09/1900, a empresa Laemmert foi autorizada a vender os selos também sem carimbo. A tiragem original era de 400 mil exemplares de cada selo, porém em 11/05/1901 foram incinerados 300 mil séries no forno da Alfândega.".

C0001 - Descobrimento do Brasil

C0001 - 100 réis; Artista: Carlos Eckmann; Tiragem 100k;

O selo de 100 réis representa o primeiro momento da liberdade: os nativos em terra, armados com arco e flecha, presenciam a chegada das caravelas portuguesas. A seguinte descrição detalhada do selo pode ser encontrada no edital, publicado pelos Correios:

1º Plano: Ao alto, emergindo do espaço, a Cruz de Malta, símbolo usado nas caravelas do almirante português Pedro Alvares Cabral. Ainda no mesmo plano, uma parte de terra brasileira onde apartaram os primeiros descobridores e próxima a ela, duas caravelas. Mais a frente, no mesmo plano, as figuras de três índios sobre pedras que a marginam.

2º Plano: Tarja - Apresenta-se à esquerda, em estilo colonial tendo na parte médio superior, a palavra Correio; no centro, a taxa 100 réis e mais embaixo a palavra Reis. Na parte inferior, as datas 1500 e 1900. Sobre uma faixa larga, branca, em sentido horizontal, a palavra E. U. do Brasil.

Especificações:

Artista	Carlos Eckmann
Cor	Vermelho
Moeda	Réis
Valor de Face	100 réis
Tiragem	100.000
Papel	Tramado branco com goma
Processo de Impressão	Litográfica
Filigrana	Sem filigrana
Picote	13
Dimensões (LxA) mm	37 X 26
Carimbo comemorativo	Não aplicável

C0002 - Declaração da Independência

C0002 - 200 réis; Artista: T. da Silva; Tiragem: 100k.

O selo de 200 réis representa o segundo momento: o grito de Ipiranga dado por D. Pedro. Com a espada erguida, comanda seus soldados e cavalos, como se estivesse em marcha de ataque. Essa imagem faz alusão com a famosa pintura de Pedro Américo, principalmente nos detalhes do relevo, da casa ao fundo e do vestuário.

Pintura de Pedro Américo Independência ou Morte, 1888.

A seguinte descrição detalhada pode ser encontrada no edital dos correios:

1º Plano: Cena representando o célebre quadro do pintor brasileiro Pedro Américo "Grito do Ipiranga" - Independência ou Morte.

2º Plano: Tarja - Apresenta-se circundando o selo. Na parte superior, nos cantos as taxas em algarismos brancos: 1500 à esquerda e 1900 à direita. No centro, na parte superior, uma faixa, em semicírculo, com a inscrição Estados Unidos do Brasil e embaixo da mesma a palavra Correio. No centro das tarjas laterais, em duas circunferências de fundo cheio a taxa 200 réis em algarismos e letras brancas. Na parte inferior, a qual se acha ladeada por duas rosetas, uma faixa branca com a inscrição: Independência ou Morte, em letras verdes. Entre a faixa e a linha limite inferior do selo, a data 7 de setembro de 1822.

Especificações:

Artista	T. da Silva
Cor	Azul, amarelo e verde
Moeda	Réis
Valor de Face	200 réis
Tiragem	100.000
Papel	Tramado branco com goma
Processo de Impressão	Litográfica
Filigrana	Sem filigrana
Picote	13
Dimensões (LxA) mm	37 X 26
Carimbo comemorativo	Não aplicável

C0003 - Abolição da Escravidão

C0003 - 500 réis; Artista: Estevão Neiva; Tiragem: 100k.

O selo de 500 réis retrata o terceiro momento: o fim da escravidão. A seguinte descrição detalhada pode ser encontrada no edital dos Correios:

1º Plano: Alegoria da Abolição da Escravidão no Brasil. A figura de um anjo oferecendo a palma da redenção aos escravos dispersos no terreno, de braços e olhar voltado para o mesmo. Ao fundo, o panorama do Pão de Açúcar.

2º Plano: Tarja - Trabalhada, o que empresta singular realce ao selo. Na parte superior, sobre um fundo cheio e em letras brancas, a palavra E. U. do Brasil. Ainda na parte superior, em suas extremidades, equilibrando as figuras, dois florões. Na parte inferior, ao lado esquerdo, a data 1500 e ao lado direito a data 1900 em algarismos de coloração azul. No centro, num retângulo de fundo cheio, a palavra Correio, em letras brancas. Lateralmente, à esquerda, em sentido vertical, de baixo para cima, a taxa 500 réis e a data por extenso 28 de setembro de 1871 e a direita, no mesmo sentido, a taxa 500 réis e a data por extenso 13 de maio de 1888.

Pesquisando um pouco sobre essas duas datas encontramos:

Lei 2040, de 28 de setembro de 1871: "Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da nação, e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daqueles filhos menores e sob a libertação anual dos escravos".

Lei 3353 (Lei Áurea), de 13 de maio 1888: "Declara extinta a escravidão no Brasil."

Especificações:

Artista	Estevão Neiva
Cor	Azul
Moeda	Réis
Valor de Face	500 réis
Tiragem	100.000
Papel	Tramado branco com goma
Processo de Impressão	Litográfica
Filigrana	Sem filigrana
Picote	13
Dimensões (LxA) mm	37 X 26
Carimbo comemorativo	Não aplicável

C0004 - Proclamação da República

C0004 - 700 réis; Artista: Carlos de Servi; Tiragem: 100k.

O selo de 700 réis encerra a série com o quarto momento, finalizando a trajetória da liberdade do país com a guardiã da ordem representada à luz de uma estrela, intocável, mas que remete aos princípios vitoriosos do 15 de novembro de 1889, dia da Proclamação da República. O selo apresenta uma estátua da triunfal liberdade republicana, numa figura feminina, fincada em solo fértil. Percebe-se, nesta única peça, a impressão do Brasão de Armas do Brasil, símbolo nacional sancionado pelo então Chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da Fonseca.

Brasão de Armas do Brasil

A seguinte descrição detalhada pode ser encontrada no edital dos Correios:

A figura simbólica da República apresenta-se com o braço direito levantado e o esquerdo segurando um livro. Ao fundo, a enseada de Botafogo e o Pão de Açúcar. Na parte superior destaca-se uma faixa larga horizontal, tendo ao canto esquerdo, um semicírculo formado pela data 14 de novembro de 1889, em volta de uma estrela. Ainda na mesma faixa a palavra Estados Unidos do Brasil e junto a mesma, na parte inferior, dois quadros, um de cada lado, com as datas em algarismos brancos: 1900 à direita e 1500 à esquerda. Na base do selo, à esquerda, as Armas da República; e a direita, a taxa de 700 réis. No centro, num retângulo horizontal de fundo cheio e em letras brancas, a palavra Correio.

Especificações:

Artista	Carlos de Servi
Cor	Verde
Moeda	Réis
Valor de Face	700 réis
Tiragem	100.000
Papel	Tramado branco com goma
Processo de Impressão	Litográfica
Filigrana	Sem filigrana
Picote	13
Dimensões (LxA) mm	37 X 26
Carimbo comemorativo	Não aplicável